A menina com o seu bebê
Álvaro C. Pestana
2018
Caminhando pela ampla calçada de uma larga avenida de Jaboatão dos Guararapes, PE, não pude deixar de notar, na mesma calçada e em sentido contrário, uma jovem mãe que carregava seu bebê. Era evidente que ela era muito jovem, menor de idade, talvez, quando muito, com uns 16 anos…
Ela passou com seu bebê no colo, aninhado num daqueles “cangurus” que seguram a criança junto ao seu corpo. Observei-a discretamente e meditei no quadro que ficou impresso em minha mente naquele rápido cruzamento entre transeuntes.
Eu nada sabia sobre ela e creio que nem saberei... afinal, ela, simplesmente, passou por ali e se foi.
Mas, eu fiquei a pensar: muito jovem para ter uma criança!! Casou-se? Foi um descuido? Muitas perguntas, talvez, sem fundamento e, certamente, sem respostas. Porém, o fato é que ela tinha uma criança, e este pensamento superava todos os outros em minha mente: ela tinha uma criança!
Ela tinha, possuíaalgo que não existia antes! Ela parecia ser uma mocinha pobre: levando em conta aquele jeito simples de se vestir e andar, sua solidão, sua aparente falta de recursos e segurança. Andava naquela avenida sem indicar estar se dirigindo ao seu carro... parecia ser alguém que anda de ônibus. Não ostentava os claros sinais de poder de nossa sociedade: tinha o jeito de pessoa pobre que é desprovida.
Pobre já nasce desprovido e experimenta, a todo instante, a privação real e divulgada pelas mídias que só valorizam as pessoas que têm algo a mais. Bem, aquela mocinha podia ser do tipo que não tem nada, só que agora, ela tem uma criança em suas mãos, ela é mãe e sua vida tem um novo sentido!
Enfim… pode ser que tudo isto só exista em minha cabeça e só tenha a ver comigo e com minha visão sobre ter e ser... fiquei tocado com a possibilidade dela possuir algo que veio “do nada”, mas que preenche totalmente uma vida... ela tinha uma criança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.