domingo, 22 de maio de 2011

Ambientes Virtuais de Aprendizagem para o desenvolvimento da Educação à Distância

Ambientes Virtuais de Aprendizagem
para o desenvolvimento da Educação à Distância
Alvaro Cesar Pestana

Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (doravante AVA) são plataformas que permitem a centralização, coordenação e desenvolvimento do ensino-aprendizagem por meio das Tecnologias da Informação (doravante TI). Dentro de um AVA, múltiplas ferramentas e dispositivos de ensino-aprendizagem são integrados e coordenados para um uso racional, efetivo e fácil.

As ações que se realizam nele poderiam ser realizadas, de forma dificultosa, pelo uso isolado das várias tecnologias disponíveis na Internet.

Sem o uso de um AVA, alguém poderia ensinar, postando um vídeo no YouTube e marcando um chat em uma sala em algum outro site da Rede. Também poderia armazenar arquivos em um terceiro lugar e poderia desenvolver comunicações via MSN ou e-mail. Os alunos poderiam remeter trabalhos anexando-os a e-mails ou postando em blogs. Veja, contudo, que o esforço ficaria pulverizado em tantos sites e com a utilização de tantos programas, servidores e ferramentas diferentes que muita coisa seria perdida no processo.

O AVA torna-se o facilitador do uso das TI a serviço da educação social e do autoaprendizado. Avalie, por meio de vista a sites e por meio de leituras os AVAs: Moodle, Teleduc e AulaNet.

“AulaNet [EduWeb] é um ambiente de softwere baseado na Web, desenvolvido mo Laboratório de Engenharia de Software – LES – do Departamento de Informática da PUC-Rio, para administração, criação, manutenção e participação em cursos a distância.”(1) O TelEduc é uma criação do Nied (Núcleo de Informática Aplicada à Educação) da UNICAMP. (2)
Através de avaliação dos manuais tutoriais, disponibilizados on-line, avaliamos o AulaNet (3) e o TelEduc. No caso do Moodle, a avaliação é parte de minha experiência de professor que trabalha em um ambiente Moodle no ensino de teologia no site www.teologiaemcasa.com.br.

O AulaNet é muito fácil de lidar pois foi criado para “substituir a sala de aula”. O TelEduc, foi concebido para inserir professores no ensino por meio da informática.(4)

O AVA escolhido para objeto de estudo é o Moodle. Além de ser uma plataforma aberta, desenvolvida por educadores, ela conta com um amplo desenvolvimento comunitário, também está se tornando popular, de forma que as pessoas que fizeram um curso no Moodle em uma entidade, já ficam familiarizadas para utilizá-lo em outra.

Minha experiência pessoal na utilização do Moodle tem sido positiva, apesar de não ter formação especial na área de informática.

Iniciei-me como aluno em duas entidades diferentes que utilizavam esta plataforma. Nas duas, a facilidade de uso do AVA causou-me boa impressão.

Como administrador e professor, iniciei o uso deste AVA faz apenas dois meses, mas estou sentindo-me muito à vontade e a plataforma apresenta muitas possibilidades e facilidades para o administrador. Os projetos e atividades intencionados são realizados com relativa praticidade e simplicidade.

Vejo também que o uso desta plataforma ajuda os estudantes a serem iniciados no uso da Internet e das TI com objetivos educacionais claros. Certamente, todos que se utilizam da Rede, passam por processos educativos, quer percebam ou não. O uso dos AVAs faz com que este processo educativo seja deliberado, mediado, social e participativo. A autoinstrução torna-se efetiva.

TECNOLOGIA E A VIDA COTIDIANA

TECNOLOGIA E A VIDA COTIDIANA
Alvaro Cesar Pestana

Afirmar que a tecnologia é interesse apenas dos técnicos é um uso equivocado da etimologia. Tecnologia sempre interfere com a vida de todos, tanto por assenhorar-se da organização social como por influenciar o patrimônio simbólico.

Um exemplo disto pode ser visto no que ocorreu com o desenvolvimento das tecnologias da irrigação. De fato, as grandes civilizações da Antiguidade desenvolveram-se ao redor de grandes rios onde a tecnologia da irrigação potencializou a produção de alimentos.

Na Mesopotâmia, no Egito, na Índia e na China, desenvolveram-se grandes civilizações baseadas no controle das águas. Tal “conhecimento” ou “uso de técnica” demanda um sistema de organização social que precisava apoiar-se em uma ideologia do rei-deus. Assim, técnica, organização social e ideologia se ajustaram para a implantação da técnica.

Claro que este tecnologia permitiu e obrigou a novos desenvolvimentos. Com o excedente de produção, a antiga mão de obra destinada à produção pode ser orientada para as grandes construções ou para a guerra. Também a proteção e a administração da tecnologia exigiu o desenvolvimento das classes de controle burocrático e defensivo. A tecnologia mudou a sociedade e criou a imagem do rei-deus para justificar o sistema.

Logo, todos sentem o impacto da tecnologia. Os técnicos não são os únicos a participar dela – toda a sociedade é envolvida. Infelizmente, muitos acabaram sendo oprimidos pelo sistema social que se desenvolveu. Também estes impérios da tecnologia do regadio acabaram por gerar as sementes de sua própria destruição. A hierarquia onerou o sistema e o militarismo gerou disputas que acabaram por gerar guerras intestinas.

Hoje, as Tecnologias da Informação e da Comunicação (doravante TIC) também estão desenvolvendo uma “nova civilização”. Da mesma forma que a tecnologia da irrigação, o desenvolvimento das TIC gera grandes vantagens e possibilita grandes desenvolvimentos – podemos pensar, especificamente, na área da Educação.

Pode-se aumentar rápida e continuamente a oportunidade de estudo sem as limitações da distância, do tempo e do interesse. Como dizia Comênio: “ensinar tudo para todos”. O futuro aponta para uma hegemonia da Educação a Distância.

Por outro lado, o desenvolvimento das TIC é acompanhado de mudanças na organização social e no patrimônio simbólico. Não poderia ser diferente. É exatamente neste ponto que devemos tanto aceitar e usar as vantagens do novo “conhecimento” como também aprender a lidar com o impacto dele na nossa vida e pensamento.

Hoje, impérios da mídia, seja ela televisiva (como a Globo) ou cibernética (como o Google), exercem e tentam exercer poder sobre a sociedade, no sentido de se auto-preservar e de atingir seus objetivos. Logo, a nova tecnologia civilizatória também envolve lutas e interesses como todas as anteriores.

Cumpre aos educadores, junto com outros segmentos da sociedade, usar a TIC e esta nova revolução tecnológica para o benefício maior do homem e não para a criação e mais uma forma de alienação, controle e exploração da sociedade em benefício de uma oligarquia.

Teorias que fundamentam a Educação a Distância no Brasil: processos de ensinar e de aprender.


Teorias que fundamentam a Educação a Distância no Brasil:
processos de ensinar e de aprender.
Alvaro Cesar Pestana
Método vem de duas palavras gregas: meta + hodos. O termo meta significa “com” ou “além de”; hodos significa “caminho”. A palavra grega methodos, podia significar tanto “um artifício, um caminho turtuoso” como também “seguimento, ou algo a ser seguido” chegando a significar “ciência, sistema, doutrina, meios e estrategema”. A palavra foi acolhida no latim tardio, “methodus” e, depois, no latim científico foi cunhado o termo “methodologia”. Este último, por meio do francês, alcançou as línguas europeias e o português. Metodologia em termos de etimologia é o estudo do método.

O texto da Aula 03 mostrou, através de 3 exemplos que muitas instituições respeitáveis e sérias discursam sobre “metodologia” muitas vezes descrevendo “o caminho” que será percorrido, os instrumentos a serem utilizados e ocasionalmente trabalham teorias de ensino aprendizado, contudo, o que se observou é uma falta de aprofundamento nos pressupostos e nos axiomas que fundamentam a axiologia, a ontologia, a cosmovisão, a epistemologia e até mesmo a ética.

Imersos que somos, no processo histórico das Sociedades Ocidentais, sobretudo dentro da cultura brasileira, muitas vezes tomamos por certo e absoluto o nosso milieu. Herdeiros de uma nação governada pelas oligarquias, ensinada pelo Positivismo e, atualmente, fascinada pelo Capitalismo Globalizante, a tendência do educador é pensar em novos “meios” de ensino sem pensar no próprio significado e alvo do ensino. Ficamos com a parte de “atividade do método” mas não repensamos a razão (ou falta de razão) de todo processo educacional: o professor torna-se protetor do status quo.

Claro que devemos pensar metodologia enquanto uso de novas tecnologias as TI. Claro que a nova educação por meio da modalidade de EAD permite a interatividade, hipertextualidade e a conectividade que garantem uma educação mais dialogal, social e engajada no ponto de vista do aluno. Contudo, o que pode não estar claro é que com as TI utilizadas na EAD, é possível fazer com que o aluno desperte em si mesmo e deixe de pensar em si mesmo como uma engrenagem da máquina de produção, de competição e de consumo. O alvo de toda educação e da EAD é a “plenitude do homem” e “o convívio pacífico e bondoso da sociedade” – não a manutenção dos sistemas, quaisquer que sejam.

O conceito de metodologia mais adequado à EAD, ao meu ver, é aquele que abre os olhos da mulher e do homem para ver o próximo como co-autor de uma realidade igualitária, bondosa e simples. O axioma fundamental, que pode embasar a EAD acredita que todo homem e mulher são iguais diante de Deus e uns dos outros, vivendo em uma comunidade de ajuda mútua e de sustentabilidade para todas as formas de vida. As TI e a EAD somente meios pelos quais este nivelamento da sociedade possa ocorrer de modo mais rápido.

Não adianta providenciar uma fuga para o Existencialismo individualista e nem para o Estruturalismo frio e descritivo. O Positivismo foi rejeitado na pós-modernidade e o Marxismo foi abandonado como programa de Estado.

Precisamos de uma nova cosmovisão: uma nova filosofia para um novo mundo. “Vinho novo se coloca em odres novos”. Certamente, ela será humilde, bondosa, dialogal, social, tolerante, eco-consciente, ecumênica e cheia de fé no Divino (em suas várias concepções).

A EAD vence as distâncias espaciais e temporais, mas sobretudo, precisa da “metodologia” para vencer a alienação do homem de si mesmo, do próximo e do Divino. Vencida esta distância e tempo, o alvo será realizado e o caminho (hodos) terá chegado ao seu fim, seu “além de” (meta).



(1) LIDDELL, H. G.; SCOTT, R. Greek-English Lexicon: with a Revised Supplement. Oxford: Clarendon Press, 1996, p. 1091.
(2) CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira: segunda edição revista e acrescida de suplemento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 517.
(3) BRAZ, Terezinha Pereira. Teoria e Prática em EAD. Dourados: UNIGRAN, 2011, p. 45-73.
(4MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 12a Ed. São Paulo: Cortez Editora; Brasília: UNESCO, 2007.