Teorias que fundamentam a Educação a Distância no Brasil:
processos de ensinar e de aprender.
Alvaro Cesar Pestana
Método vem de duas palavras gregas: meta + hodos. O termo meta significa “com” ou “além de”; hodos significa “caminho”. A palavra grega methodos, podia significar tanto “um artifício, um caminho turtuoso” como também “seguimento, ou algo a ser seguido” chegando a significar “ciência, sistema, doutrina, meios e estrategema”. A palavra foi acolhida no latim tardio, “methodus” e, depois, no latim científico foi cunhado o termo “methodologia”. Este último, por meio do francês, alcançou as línguas europeias e o português. Metodologia em termos de etimologia é o estudo do método.
O texto da Aula 03 mostrou, através de 3 exemplos que muitas instituições respeitáveis e sérias discursam sobre “metodologia” muitas vezes descrevendo “o caminho” que será percorrido, os instrumentos a serem utilizados e ocasionalmente trabalham teorias de ensino aprendizado, contudo, o que se observou é uma falta de aprofundamento nos pressupostos e nos axiomas que fundamentam a axiologia, a ontologia, a cosmovisão, a epistemologia e até mesmo a ética.
Imersos que somos, no processo histórico das Sociedades Ocidentais, sobretudo dentro da cultura brasileira, muitas vezes tomamos por certo e absoluto o nosso milieu. Herdeiros de uma nação governada pelas oligarquias, ensinada pelo Positivismo e, atualmente, fascinada pelo Capitalismo Globalizante, a tendência do educador é pensar em novos “meios” de ensino sem pensar no próprio significado e alvo do ensino. Ficamos com a parte de “atividade do método” mas não repensamos a razão (ou falta de razão) de todo processo educacional: o professor torna-se protetor do status quo.
Claro que devemos pensar metodologia enquanto uso de novas tecnologias as TI. Claro que a nova educação por meio da modalidade de EAD permite a interatividade, hipertextualidade e a conectividade que garantem uma educação mais dialogal, social e engajada no ponto de vista do aluno. Contudo, o que pode não estar claro é que com as TI utilizadas na EAD, é possível fazer com que o aluno desperte em si mesmo e deixe de pensar em si mesmo como uma engrenagem da máquina de produção, de competição e de consumo. O alvo de toda educação e da EAD é a “plenitude do homem” e “o convívio pacífico e bondoso da sociedade” – não a manutenção dos sistemas, quaisquer que sejam.
O conceito de metodologia mais adequado à EAD, ao meu ver, é aquele que abre os olhos da mulher e do homem para ver o próximo como co-autor de uma realidade igualitária, bondosa e simples. O axioma fundamental, que pode embasar a EAD acredita que todo homem e mulher são iguais diante de Deus e uns dos outros, vivendo em uma comunidade de ajuda mútua e de sustentabilidade para todas as formas de vida. As TI e a EAD somente meios pelos quais este nivelamento da sociedade possa ocorrer de modo mais rápido.
Não adianta providenciar uma fuga para o Existencialismo individualista e nem para o Estruturalismo frio e descritivo. O Positivismo foi rejeitado na pós-modernidade e o Marxismo foi abandonado como programa de Estado.
Precisamos de uma nova cosmovisão: uma nova filosofia para um novo mundo. “Vinho novo se coloca em odres novos”. Certamente, ela será humilde, bondosa, dialogal, social, tolerante, eco-consciente, ecumênica e cheia de fé no Divino (em suas várias concepções).
A EAD vence as distâncias espaciais e temporais, mas sobretudo, precisa da “metodologia” para vencer a alienação do homem de si mesmo, do próximo e do Divino. Vencida esta distância e tempo, o alvo será realizado e o caminho (hodos) terá chegado ao seu fim, seu “além de” (meta).
(1) LIDDELL, H. G.; SCOTT, R. Greek-English Lexicon: with a Revised Supplement. Oxford: Clarendon Press, 1996, p. 1091.
(2) CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira: segunda edição revista e acrescida de suplemento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986, p. 517.
(3) BRAZ, Terezinha Pereira. Teoria e Prática em EAD. Dourados: UNIGRAN, 2011, p. 45-73.
(4MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 12a Ed. São Paulo: Cortez Editora; Brasília: UNESCO, 2007.
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